Comentário de minha filha Carolina:

Como estudante de Licenciatura da USP e estagiária na rede pública de ensino básico, é surreal ler que a arte "deseduca" um cidadão ainda em formação.
A arte é um dos elementos de maior fundamento na constituição do aluno como indivíduo, e é triste ver como isso não é levado em consideração em nome de uma educação meramente voltada ao vestibular, como a por você mencionada, de estímulo nada crítico e inclusivo aos cidadãos em desenvolvimento, baseado em processos robóticos e repetitivos.
O título de uma "boa educação" não é oriunda dos elevados índices de aprovação no vestibular, sistema extremamente falho cujas bases são não o pleno aprendizado e desenvolvimento crítico, e sim a capacidade de repetição e de armazenamento de informações que surgem desconexas aos alunos; uma boa educação é aquela que se mostra bem-sucedida no processo de formação humana, social, política e filosófica de um indivíduo.
Você, que se identifica como "músico", deveria saber que pesquisas indicam que a música colabora com o desenvolvimento do equilíbrio da mente humana, de modo a promover a concentração, o desenvolvimento do raciocínio e o pensamento filosófico. Quando um indivíduo ainda em formação tem desenvolvida a sua auto-expressão artística, seja por meio da dança, do teatro, da música, da poesia, das artes visuais ou de qualquer meio de intervenção artística, atua direta e reflexivamente em parceria crítica com os elementos com o mundo através das variadas possibilidades de expressão que lhe são oferecidas.
Platão, que não é qualquer indivíduo comentador de sites de relacionamento, colocava a música como "um instrumento educacional mais potente do que qualquer outro”. Dado que estudos comprovam que as artes melhoram o desempenho dos alunos inclusive nos campos das ciências Exatas, Humanas e Biológicas, um aluno artisticamente estimulado apresenta maiores chances de terem aprovações no vestibular, que, conforme exposto, é o seu conceito (insuficiente e fraca) de aluno bem-sucedido, de modo a fazer com que a sua teoria de que a arte deseduca o cidadão seja completamente refutável e contraditória.